segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Presente para quem?

Na manhã de 26 de Dezembro quando, como de hábito, o Custódio foi colocar frutas pros pássaros que visitam o nosso quintal, deu com uma maritaca ciscando por ali. Aproximou-se e ela continuou lá. Fato estranho porque elas costumam fugir imediatamente e aos gritos. Chegou muito perto, ofereceu banana e o bichinho comeu.

Depois chegaram os outros pássaros e aquela maritaca foi esconder-se entre as folhas das árvores, folhas que comia avidamente, ainda que não façam parte da dieta de tais avezinhas.


Muito, mas muito pequena e assim mansa, pensamos tratar-se de um bebê e evidentemente, precisando de ajuda. Foi muito fácil pegá-la. Na verdade, entre as mãos do Custódio, sem susto, serenamente, ela continuou... comendo. E foi também o que fez, por horas a fio, dentro da gaiola onde a colocamos. Ela veio “com uma fome de anteontem”!!!


Urgência veterinária!!! E lá foi a pequenina conhecer o “pediatra” do Léo e então soubemos que a Natália Aparecida, ou Natalino, diferente do que pensávamos, não é filhote e sim um(a) adolescente, com certeza fugido(a) de alguma gaiola. O corpo coberto de piolhos, as penas muito judiadas e a fome louca, dão a certeza de que estava perdido há muitos dias.


Pequeno demais pra espécie, ainda menor do que a Lili, sob seus 70g, parece não ter sido alimentado adequadamente, cabeçudo e feinho de dar dó, nós adotamos o bichinho. Bem que tentamos achar o dono, fomos pra rua na esperança de encontrar alguém procurando uma maritaca perdida, perguntamos na avicultura do bairro e... nada.

Agora ele, ou ela (saberemos com o resultado do teste de DNA) é nosso. Livre dos piolhos, banhado e alimentado, está de quarentena, longe da Lili e do Léo – este já desconfiado e muito irritado – e estamos procurando conhecê-lo, observando como se comporta já que, em quarenta dias, será integrado à nossa turminha alada.

Quando comentei com o Custódio que foi Papa Noel quem o presenteou com o(a) Nat, ele concordou: “Foi sim, o Papai Noel dele!!”

sábado, 1 de novembro de 2008

O 8017 e a Porquinha




clique na placa

O caso aconteceu há muitos anos, num tempo em que no Rio de Janeiro havia casas e quintais que comportavam criação.

No início de carreira, empregada em dois hospitais públicos, Dra Neusa montou o seu primeiro consultório, estrategicamente em algum ponto ente eles e foi aí que ela entendeu que, se a medicina havia sido a escolha certa, pro comércio não tinha a menor vocação. Os clientes eram orientados a procurá-la em um dois hospitais, o que quer dizer que jamais pagavam além da primeira consulta e pior, alguns deles usavam estranhas moedas... mas é melhor que ela conte:

“Uma das clientes que transferi do consultório para o serviço público, foi no meu trabalho e levou uma leitoa para que fosse engordada para o Natal. Chegou a bichinha dentro de um saco bem fechado, só com uns furinhos para que respirasse. Eu fiquei apavorada, queria trancar no porta malas do carro mas disseram que ela morreria sem ar...então o jeito foi colocar na parte traseira do meu fusquinha, atrás do banco do carona. E lá fui eu, morrendo de medo...Ao parar em um sinal fechado de uma rua movimentadíssima, a bichinha deu um grunhido tão alto e estridente que, sem pensar e apavorada, saí do carro e corri para a calçada. O sinal abriu, uma buzinação terrível atrás de mim (de mim não, do carro que a esta altura estava abandonado no meio do trânsito), e eu tremendo na calçada achando que a dita cuja tivesse se soltado...”


Autoridade presente e atenta, o guarda de trânsito foi rapidamente em direção a ela, cara de poucos amigos, apitando a plenos pulmões e gritando: Oitenta dezessete!!! Apitando e gritando... mas acabou sorrindo com compreensão quando soube do drama e, muito gentil ...

“...foi até o carro verificar o estado da meliante e voltou me tranquilizando, garantindo que a leitoa estava bem presa e não tinha a menor possibilidade de soltar-se... Agradeci, voltei para o carro e consegui chegar em casa.
Minha mãe foi a primeira a ver e a se apaixonar pela leitoa que recebeu o nome de dona Flor. Providenciou um cercado e ali dona Flor teve seus dias de glória... o cercado era tão limpo e cheiroso que não podia ser chamado de chiqueiro. Dona Flor era cor de rosa, tomava vários banhos por dia, usava um laço no pescoço (ela tinha laços de várias cores, mas me lembro particularmente de um vermelho, que minha mãe achava combinar com a tez rosada da menina). Era igualzinha a essas leitoas de histórias em quadrinhos. Quando minha mãe chegava, dona Flor deitava e ficava esperando pelo cafuné na barriga, e lá ficavam as duas horas a fio... Um dia meu pai, alto conhecedor de culinária, achou que a leitoa estava no ponto certo de ser pururucada. Como eu pouco parava em casa não me lembro dos detalhes da morte da menina, mas lembro perfeitamente do dia em que ela foi à mesa, linda, cheia de farofa... impossível também esquecer o choro sofrido de minha mãe, correndo para se trancar no quarto pois não podia nem ver dona Flor sendo servida... Ninguém conseguiu comer ante o sofrimento verdadeiro de mamãe... terminou com a família toda chorando, solidária. Meu pai sumiu com a leitoa (depois soubemos que ele deu para um vizinho, que ficou felicíssimo com o saboroso presente), e nós provavelmente não almoçamos naquele dia. As leitoas que ganhei posteriormente, foram terminantemente proibidas de serem levadas pra casa.”

Fica a pergunta: onde terá a Neusa depositado os pagamentos em “moeda vivente” que vieram depois?

sábado, 23 de agosto de 2008

Filhos e filhinhos

Sobre os bichinhos alados ainda, e muito.
Quando a Brenda, a rottweiler, estava bem velhinha, decidimos que ela seria a última de uma série de cadelas que tivemos. Não havia mais crianças pra brincar e os cuidados com cães dão um trabalho enorme. Quem os tem, sabe. Mas... nenhum animal? Que sem graça!!!
Foi por essa razão e porque se encantou com as calopsitas que viu numa loja aqui perto, que o Plínio resolveu dar uma de presente no aniversário do pai, há quatro anos.
Fui com ele escolher e entre as três que havia a venda, ainda muito nenês e feinhas, preferi a menorzinha (muito menor do que as outras) porque era a mais agitada, exigente e engraçadinha. Nenhuma certeza de que fosse uma fêmea, só a carinha delicada dava a dica. Nós a chamamos Lili, simples e fácil pra ela aprender.
Mais tarde, diante dos primeiros de um monte de ovos que ela insiste em botar, soubemos que não nos enganamos.
Depois veio o Léo. Na verdade, o Custódio pensou num papagaio, mas como ele queria uma animal a quem pudesse mimar, apenas mimar, nos decidimos por uma arara que, segundo várias fontes, é um ave muito dócil, mansa e de fala limitada. Bem... só se forem as outras, porque nada disso se aplica ao Léo! Ele é bravinho, desconfiado, temperamental e fala mais e melhor do qualquer papagaio de que eu tenho notícia.
Também ele foi batizado pela carinha de menino, e o exame de DNA, logo depois, confirmou.
O Custódio é o “papai”. Louco por eles e plenamente correspondido no seu amor e dedicação.
Em 2006, no aniversário, e é sempre complicado escolher um presente pro Custódio, o Fausto teve a idéia das camisetas. As pessoas mandam estampar fotos dos filhos e declarações de amor a eles. Por que não crianças assim... meio diferentes?
Não estava junto, mas soube que quando o rapaz que os atendeu na loja editou as imagens e os meninos disseram o que ele deveria escrever, arregalou os olhos e perguntou:
“- Mas quem é o pai????” e ouviu: “- O nosso. Deles e nosso.”


quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Olha quem está falando também

Pensei em escrever sobre o Léo só quando pudesse provar o que tenho pra contar, mas o cara é muito difícil: fotografar é uma aventura, ele não para quieto e por menor que seja a velocidade que a gente escolha, a foto sai tremida e escura demais; diante de uma filmadora fica estático e muito desconfiado e quando ligo o gravador e imploro ansiosamente pra que fale, ele emudece.
Correndo o risco de ser chamada de louca ou pior, mentirosa, a partir de agora, o Léo entra nas historinhas aqui... ou melhor, entram: a Lili também.
Ele é um lindo macho de arara canindé; ela, uma calopsita loirinha e eu duvido que alguém não soubesse.
Há quatro anos, quando compramos o Léo, devidamente anilhado e registrado, a Lili tinha seis ou sete meses e já ensaiava imitações dos pássaros que cantam no quintal. “bem te vi” até que saía bastante bem.


Ele chegou e ela nunca mais disse nada diferente de “piu". Um piu tão insistente que o Léo – e este fala e conversa muito – costuma perder a paciência e reclamar: “Pára!!! Não pode piu!!! Chato!”
No finalzinho de junho, o Léo ficou doente, muito doente. Vítima de uma infecção bacteriana crônica e severa, só não o perdemos porque pudemos proporcionar cuidados veterinários intensos e profundamente... estressantes.
Mais de trinta picadas de injeção em quinze dias, num corpinho de um quilo. Que judiação!!!
Um tanto por conta das bactérias instaladas na traquéia, outro pela tortura a que foi submetido, o Léo parou de falar. Mais de um mês e nem uma palavrinha sequer. Ô silêncio dolorido!
Hoje, completamente curado (assim esperamos), a voz está voltando aos poucos e o muito legal é que agora temos dois psitacídeos falantes porque a rainha do “piu” desandou a falar também.
Como e por que, aos quatro anos e meio de idade, essa avezinha resolveu falar?
Talvez de alguma forma a loquacidade do Léo a intimidasse ou, quem sabe, fosse ele o elemento falante do bando (eles obedecem a uma rigorosa hierarquia) e quando se calou, ela teve que assumir a função. Não sei e acho que nunca saberemos, mas estamos adorando!!!!

domingo, 27 de julho de 2008

Ela pediu


Gosto muito de produtos orgânicos e tenho comprado legumes, verduras, sucos e laticínios pela internet. Você entra na , faz seu cadastro e recebe, todas as semanas, uma planilha EXCEL com os itens disponíveis, escolhe, envia de volta e eles entregam na sua casa, nas terças feiras. Tudo muito fresco, cheiroso e sem agrotóxicos.
Aqui, o entregador costuma chegar pouco antes da hora do almoço e, numa terça feira, eu estava muito atarefada fritando lingüiça. Se você, alguma vez na vida já fritou lingüiça sabe que convém proteger os cabelos, caso contrário, depois não pega nem sabão de sebo! Assim, abri a porta de lenço na cabeça.
Naquele dia, a Jussara, secretária que troca e-mails com os clientes, estava acompanhando o entregador. Ela foi entrando e falando que não deu pra arranjar os três quilos de feijão preto que “ela” pediu e ... um tanto lenta, só entendi no segundo “ela” e no terceiro, esclareci: “Ela sou eu.”
Olha que o tal lenço nem é daqueles estampados demais, de tecido sintético e brilhante, é branco e pintado à mão com muito bom gosto, mas não evitou a cara de cozinheira.
Soube depois que a Isabel, que é quem lava as roupas pra mim, diante do espanto do entregador, teve que explicar que “a patroa gosta de cozinhar.” Ela e a Maria, que cuida da faxina, riram muito e estão rindo da minha cara até hoje.
Aceita um conselho?
Jamais abra a porta de lenço na cabeça.

sábado, 14 de junho de 2008

Lembranças, comidinhas e risadas

Ontem, 44 anos depois de termos posado pra essa foto, nós, as meninas identificadas por letras, jantamos juntas num bar em São Paulo.
Nossa! Como é bom reencontrar as amiguinhas e como conversamos! Dentre os muitos e muitos assuntos sobre os quais falamos no jantar, de forma atabalhoada, como convém a um bom encontro desses, relacionamos o que temos feito pra exercitar raciocínio e memória, coisa importantíssima pra qualquer um que apareça numa foto tirada há mais de quarenta anos.
Cada uma tem suas preferências: leitura, palavras cruzadas, sudoku... Eu gosto de joguinhos de lógica e proponho que vocês descubram quem é cada garotinha, resolvendo um deles.

1- A menina da posição E comeu bolinhos e chegou antes de mim, que cheguei antes da coleguinha que comeu torradas.

2- A amiga que chegou ao bar, vinda das Perdizes, chegou imediatamente antes da que comeu bolinhos de arroz, que chegou imediatamente antes da menina na posição A.

3- Quem comeu pasteizinhos chegou imediatamente antes da menina da posição D. Simone chegou antes, mas não imediatamente antes, da que saiu da Freguesia do Ó. Essas quatro garotas estavam muito alegres.

4- As quatro coleguinhas e eu somos: Suzana; a que comeu bolinhos de batata; a que estava em Higienópolis; a meninha da posição B na foto e a primeira a chegar no bar.

5 - Aquela que estava na Pompéia chegou imediatamente antes de Márcia. A menina da posição C chegou antes da que comeu espetinho vegetariano. A única das amigas que não está nesta dica, não comeu sobremesa.

Espero soluções nos comentários.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Clique na lousa

Quem conhece a Regina queridíssima, sabe que ela é uma mulher de muitos talentos. Nos últimos vinte e oito anos eu tenho convivido com a doutora, com a cozinheira, a costureira, muitas outras e principalmente, com a amiga insubstituível.
Mas a professora, confesso, que até a mim, surpreendeu.
Ela ensina animação em gif, pra quem quiser aprender. São aulinhas preciosas e detalhadas que oferece no tópico Alguém quer aprender a personalizar gifs?II, na comunidade Orkut “Aulinhas Tim por Tim Tim II”.
Eu acho uma delícia, estou aprendendo muito e recomendo pra todos que gostem de figuras bonitinhas, brilho, movimento... pras jovenzinhas e pras eternas meninas.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Um doce de mamãe

No mês passado, comemorando o aniversário do Custódio, fiz um almoço pra família toda. Eu ainda não contei que não sei fazer doces, não gosto muito de açúcar e minha mãe sempre fica encarregada deles. Mas ela não tem mania de exagero como eu. Em geral, o doce dá ou sobra um pouquinho.
Bem...éramos dezoito pessoas, pouco mais do que o habitual, o doce de maçã estava delicioso...enfim, não foi suficiente. Algumas pessoas não comeram, entre elas, justamente o aniversariante.
Dona Helena ficou inconformada, ligou no dia seguinte lamentando e no outro ainda:
“Filha, faz um favor pra mim? É muito importante. Você faz?” Faz?
Negar alguma coisa pra minha mãe? Só mesmo se for impossível, caso contrário topo, faço, vou...
Que eu me lembre, nos últimos anos, eu disse não pra minha mãe apenas uma vez, mas também foi demais!!! Era época de Natal e contei a ela que tinha bordado panos de prato pra todas as mulheres com as quais me encontraria nas festas. Atrapalhada e sem tempo pra providenciar presentes de última hora, tentou me convencer a dar três dos panos, pra que ela oferecesse a uma amiga. “Depois você compra outra coisa, filha”. Neguei veementemente!! Onde já se viu? Ora! É claro, dei os panos de prato pra quem os havia destinado, mas comprei um livro pra ela presentear.
Assim, concordei com o favor antes mesmo de saber do que se tratava.
“Faz o doce de maçã pro Custódio? Ele não comeu, 'tadinho'."
Fiz, fotografei e dou a receita.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Exagerada, eu sou mesmo exagerada.


Fazer um exagero de comida, muito mais do que os convidados podem dar conta é coisa tão habitual, tão normal pra mim, que nunca teria pensado no assunto como tema pro blog. Foi a Beatriz quem, no domingo, aqui em casa, diante de uma mesa absurda, sugeriu o tema.
Eu “calculo” a quantidade, como se cada prato fosse o único (e se um deles estiver especialmente gostoso?) e, cardápio planejado com antecedência, se sobrar tempo, invento mais uma coisa pra fazer, e outra e outra...
Sou louca por um fogão e cozinho com carinho, pensando nas pessoas que gostam de cada prato, separo sem cebola, sem azeitona... sem qualquer coisa que alguém não goste e exagero mesmo.
Num certo almoço, o arroz acabou. Não faltou, apenas não sobrou e eu fiquei profundamente envergonhada por mais que todos jurassem que não conseguiriam comer mais um único grão! Como posso ter errado tanto?
Não, não passamos o mês comendo a mesma coisa. Dividimos as sobras - comida da segunda panela que nem foi tocada, tortas inteiras... - e cada um leva um pouco. Há trinta anos é assim e tem gente que não se lembra de trazer potes!
Numa ocasião aconteceu um acidente grave, um imenso caldeirão de feijoada, preparada no dia anterior, azedou espetacularmente!!!! Azedou, espumou e espalhou pela geladeira toda! Como não sou de chorar sobre a feijoada derramada, liguei na rotisseria pra encomendar o que fosse possível ser feito a toque de caixa, expliquei o caso e fui colocada em contato com a Vânia, “assessora para emergências” (achei o máximo!). Conversamos sobre as possibilidades e quando ela perguntou quantos convidados teríamos, pra fazer o cálculo de quantidade, eu menti pra moça! Seríamos quatorze, mas exagerei um pouquinho e disse “Vinte e cinco.”
O que? Comida contadinha? Eu??? Nunca!

Ilustração a “mouse livre” feita em art.com (clique aqui).

segunda-feira, 10 de março de 2008

A sobrevivente

O Custódio gosta de observar pássaros e os atrai colocando comida todos os dias: frutas para os sanhaços, bem-te-vis, sabiás, sabiás-do-campo, saíras e outros mais; semente de girassol pras maritacas e bolacha salgada triturada pros tico-ticos, rolinhas e joões-de-barro. No início, as pombas eram um problema e ele tentou mil maneiras para evitá-las. Algumas não deram muito certo e por fim as sementes de girassol são colocadas num comedouro de onde elas não conseguem pegar e o farelo é oferecido dentro de uma gaiola com a distância entre as grades calculada pra que as aves menores tenham fácil acesso e as pombas não.
A maioria faz poucas tentativas, desiste e some, algumas ficam por aqui esperando por migalhas que as outras aves deixam cair... mas uma foi mais radical...
Há uma semana, quando fui até o quintal logo de manhã, eu me deparei com uma cena muito feia. Uma pomba havia conseguido prender e torcer o pescoço entre as grades. Ela debateu-se alucinada e por fim, parou. Acreditei que tivesse morrido.
Não fosse dia de a Isabel vir trabalhar e a pomba teria ficado lá, do jeitinho que estava! Eu? Tirar com as minhas mãozinhas???? Nunca!
Não foi nada fácil, foi preciso torcer mais o pescoço da ave pra conseguir desentalar e mesmo assim, ainda que em péssimo estado, ela continuou viva e permanece viva. Toda torta, anda pouco, devagar e mal; voa pior ainda, mas sente-se protegida no meu quintal, de onde até sai, na certa em busca de comida, mas volta sempre. Tá bom que é burríssima, mas uma sobrevivente dessas a gente tem que respeitar e decidimos que ela fica.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Coleções


Gosto de colecionar algumas coisinhas: sapatos, jogos, latas de chá, sabonetes, perfumes... Quando contei pra Lígia que pretendia falar sobre o assunto aqui, soube que ela tem uma amiga que também gosta de juntar objetos. Assim, fomos até a casa da Fátima fotografar suas coleções, que muito agradável e simpática, botou tudo abaixo preu ver e acabei decidindo escrever sobre as dela porque as minhas são nada diante do que vi lá.
Ela junta tudo que se possa imaginar e mais alguma coisa: pingüins de geladeira, anjos, oratórios, corujas, quadros, ampulhetas, abridores de lata, bailarinas, óculos, celulares, latas de refrigerantes e cervejas, pedras, moedas, notas de dinheiro brasileiro e do mundo todo, cadernetas escolares, cartões postais, figurinhas, calendários, cartões telefônicos, selos, latas e até ingressos de jogo de futebol.
Não acabou! A filha também gosta de juntar coisinhas: papéis de carta, brindes da Coca-Cola, bichinhos da Parmalat e muitos outros. A moça guarda todas as canetas que já usou na vida e o que pra mim é o máximo, ela juntou, de forma organizada, separadas por cor, todas as pontas de lápis que foram quebrando ao longo dos anos.
Os relógios antigos não pertencem à mãe nem à filha, são do pai, que parece, também tomou gosto pela coisa.
Assim que fotografar todas, coloco as minhas coleções num link, mas eu gosto de ter as coisas pra usar: sapatos, sabonetes e perfumes; beber os chás e brincar com os joguinhos. A Fátima e seu pessoal são os verdadeiros colecionadores, eles colecionam ... coleções.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Mãos de teclado e esfregão


Estou de volta ao meu blog depois de um tempão. Não, não fui pra lugar algum, estava fazendo faxina esse tempo todo. Aproveitei a ausência das minhas auxiliares domésticas e mergulhei no pó escondido e na arrumação da casa.
Não é a primeira vez que faço tal maluquice, prefiro mesmo fazer essa coisa terrível sozinha. Gosto do resultado, é claro, mas também curto o planejamento. Faço faxina matematicamente, penso cada movimento com o objetivo de poupar-me qualquer esforço inútil. Estabeleço uma seqüência rigorosa pra não sujar nos passos seguintes, o que já foi limpo. Tudo minuciosamente calculado.

Parto amanhã pra Araraquara pra descansar um pouquinho, rever gente muito querida e acrescentar novos itens à minha pequena coleção de sapatos!!!
Falando nisso...meninas, vocês conhecem Jaú? Aquilo é o paraíso de qualquer Imelda Marcos! Conto mais quando voltar e sobre as minhas coleções também.
Graça, você e seu flamboiyant estão na minha lista.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Beth, cadê a fotografia???


Adoro cozinhar e sou louca por uma panelinha nova. Assim, por muito tempo pensei em comprar uma espagueteira, mas adiei porque a coisa é grande e muito sem jeito pra se guardar. Mas, uma vez dentro da loja de fábrica da Nigro, aqueles objetos de desejo maravilhosos todos brilhando na minha frente, não resisti e trouxe a talzinha pra casa.


Pra quem não sabe... a tampa tem furinhos pra escorrer o macarrão e a idéia é que você vire o caldeirão na pia, segurando a tampa através de duas abas nas laterais da panela, que prometem eficiência. Só prometem...quente e pesado, a gente vacila e joga todo o macarrão dentro da pia.
Aconteceu, mas não foi um grande problema, eu tinha outro pacote de macarrão e, ainda que não tivesse, após trinta anos de fogão, tendo meus dotes culinários reconhecidos, posso até eventualmente dizer pro pessoal que a comida não saiu e escalar um deles pra comprar pão e frios.


A Beth coitadinha, não podia... recém casada, em férias na praia, o Sérgio pronto pra avaliar a competência culinária da excelente fotógrafa... foi ela pro fogão preparar um belo nhoque... acho que a Beth não sabia que nhoques, a gente tira um por um da fervura com uma escumadeira conforme vão subindo...o fato é que bloft ... caiu tudo dentro da pia, devidamente tampada e cheia de água com detergente.
O que fazer???? Recém casadas têm que fazer bonito! Então ela recolheu tudo, passou uma aguinha, colocou o molho e serviu.
Diante da cara apavorada do marido ao provar, achou melhor contar a verdade, considerando que um pequeno acidente até pode ser esquecido, mas comida intragável não tem perdão!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O conto de mistério que virou comédia

Ela era uma moça estudiosa, delicada, tímida, um tanto ingênua e é por isso que resolvi chamá-la de Angélica. Depois de um longo namoro que deu em nada, conheceu um rapaz muito interessante, educado, culto e de conversa especialmente agradável. Tinham os mesmos gostos e interesses, o namoro foi inevitável. Tudo perfeito, não fosse um pequeno mistério: o moço, ainda que muito falante, nada dizia sobre sua profissão e, do pouco que ela soube, só deu pra supor, mais do que concluir, que ele era oficial do Exército e trabalhava num daqueles quartéis famosos pelas torturas a presos políticos... corriam os trágicos anos da ditadura militar.

Não foi fácil praquela menina engajada, leitora de todos os textos socialistas, conviver com a incerteza, mas como de concreto ela nada sabia, foi levando: apaixonada e assustada. Um dia o rapaz sumiu sem deixar rastro, pra reaparecer dois meses depois ainda mais misterioso, magro e transtornado. Voltou só pra dizer que precisava esconder-se, sumir pra sempre e que convinha ela não soubesse do paradeiro dele... nunca mais deu notícia.

Eu só conheci essa história muito recentemente e assim mesmo por conta de uma série de coincidências, num certo momento conversávamos um assunto que permitiu a ela pedir que eu a ajudasse a encontrá-lo. O fato é que Angélica passou mais de trinta anos procurando notícia do rapaz. Outros amores, trabalho, filhos... o mistério do passado não pesou a ponto de interferir de alguma forma, mas nunca foi esquecido. Quem era? O que fez? Compactuou mesmo com tudo que ela abominava? Ou teve que desaparecer justamente por não compactuar? Por mais de trinta anos, ela leu todos os livros e textos referentes àquele período da nossa história, sempre em busca de uma palavra, uma citação, ou até de alguma descrição que o identificasse aos seus olhos atentos.

Foi aí que eu entrei nessa história que prometia um bom conto de mistério!
Tentei ajudar a encontrá-lo, procurei em vários sites, vi todas as listas, denúncias e nada!
Um dia ela abriu o jornal e deu com o nome dele impresso, bem ali ... no obituário!!! Não, ele não havia morrido!! Comunicava o falecimento da mulher e deixava um endereço eletrônico pras pessoas poderem enviar seus pêsames.

Naquela altura eu achei que o segredo seria revelado - e ele poderia ser terrível! - ou talvez visse surgir uma história de amor... na pior das hipóteses leria os lances emocionantes de um reencontro de amigos que teriam muito pra dizer um ao outro, mas jamais imaginei que acompanharia uma comédia ridícula e foi o que aconteceu.

Parece que do rapaz cheio de qualidades sobrou só a cultura, e ainda assim porque não há como perder, no mais, transformou-se num empresário inconformado com a velhice, chatíssimo, atrevido e um tanto babão! O mistério ele não esclareceu, ao contrário, tentou criar outros novos, como sempre desaparecendo por algum tempo e voltando cheio de meias palavras... exagerou e ficou tão chato que o mistério acabou enterrado junto com a lembrança dele, não no passado, mas no esquecimento mesmo! Reservada e até um pouco tímida ela ainda é, mas de bobinha não tem mais nada!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Coisas?

Minha mãe dizia sempre que vestida de noiva, sob o meu metro e meio, com certeza eu pareceria estar pronta pra primeira comunhão. Já era um bom motivo preu não sonhar com o casamento religioso. Além disso, as moças da minha época e meio não ligavam pressas coisas. Éramos mesmo, radicalmente contra!
Assim, o Custódio e eu, decidimos pelo casamento civil pra não matar nossas mães de tristeza e fui logo avisando: cerimônia religiosa??? De jeito nenhum. Um pouco de choro materno, a compreensão do meu pai, a inestimável ajuda do meu irmão, minha teimosia e marcamos: civil e festa!!!

Eu era louca pela tia Nívia, todos éramos, e prometi a ela porque estava doente, que receberíamos a bênção de um padre, pretendendo voltar ao assunto quando melhorasse. Mas isso não aconteceu, ela faleceu no dia 26 de dezembro, 19 antes da data marcada.

Não tive coragem pra descumprir a promessa... assim, pedi à minha futura sogra que providenciasse a coisa toda, com as seguintes recomendações: casamento sem público e de manhã, bem cedo.

Primeiro encaramos o curso de noivos, uma verdadeira tortura, mas não vai caber aqui, deixo pra outra ocasião.

Bem, alguns dias antes do sábado marcado, o pároco da Igreja da Lapa, que minha sogra freqüentava o onde havia marcado a cerimônia, nos chamou pra uma conversa.
Não sei se por estranhar a urgência ou quem sabe, o horário, o fato é que encontramos o doce servo de Jesus, armado contra nós. Foi logo perguntando se iríamos nos casar contra a nossa vontade ou de nossos pais... Muito indignado, não nos deixou explicar e vociferava feito louco, até que disse: “Por que pretendem se casar? Vocês estão pensando que casamento é brincadeira???” Dirigindo-se ao Custódio: “você meu filho, é um homem lindo” e pra mim: “e você, menina, não é lá essas coisas. Quanto tempo você acha que ele vai ficar com você?”
Não respondi nem ouvi mais nada, me levantei e saí pelo corredor principal, nariz empinado e nem olhei pra trás, não era preciso, podia ouvir os passos do Custódio logo atrás de mim.
O que a Didi, minha sogra, disse e fez dez minutos depois, nunca nos contou, por mais que implorássemos, levou com ela. O fato é que no sábado, tinha outro padre nos esperando às oito da manhã, mesmo porque eu havia dito que sairia de novo, pelo mesmo corredor principal, caso encontrasse o primeiro por lá.
Sentadinha na sacristia, porque desfilar pela igreja eu não ia mesmo, escutei o padre dando as orientações pro noivo e acrescentando alguma coisa como: “Quando a sua noiva chegar, vou dizer a ela que...” Interrompi: “Olha aqui, se o senhor está esperando uma NOIVA, vai ser difícil, mas se eu sirvo, pode falar.”
Felizmente, ele riu.

E foi assim que fomos pro altar de uma igreja lotada de gente sonada que, não tendo mais aonde ir pra prestigiar o enlace, estava lá.
O que será que o santo padre quis dizer com “coisas” que eu não era, que o Custódio nas últimas três décadas, não reparou? È que na próxima segunda feira, dia 14, faz trinta anos que isso tudo aconteceu.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Lição


Em outubro de 2006, comecinho do mês, final de tarde... sofri um acidente doméstico bastante sério: queimei gravemente a mão direita e o pé esquerdo. Vi, de cara, que se ficasse em casa não daria certo! Meus três homens, dos quais eu passei a depender pra absolutamente tudo, ficaram atarapalhadíssimos! Pior, entendi que, trocar curativos diariamente no pronto socorro aqui, se não me rendesse uma infecção brava, com certeza haveria de me levar a um bom tratamento psicológico!! Não sendo um caso urgente, eu era colocada logo na entrada do hospital, numa cadeira de rodas, presenciando a chegada de todos os acidentados e doentes, até que a coisa ficasse calma pra que eu fosse atendida.
Bem, a “convite” da Nívia (na verdade, muito mais uma ordem do que um convite) fui levada pra Araraquara, pra casa da Lígia.

Obrigada Nívia, por ter procurado feito leoa, um médico que cuidasse de mim e encontrado a Naila que me deu atenção e carinho, muito além da obrigação profissional. Mil vezes obrigada Naila.
Lígia e Cleide, obrigada por terem colocado à minha disposição a casa e vocês mesmas: quando uma me dava banho e a melhor comida do mundo e a outra me carregava, dia sim, dia não, toda ensacada (hehe), até a clínica pros curativos e a conversinha boa da Naila. Obrigada Ednaldo, que nos “dias não”, ia até em casa (Lígia, tomei posse!) e ainda lavava as feridas, cuidadosamente, com água e sabão, antes de fazer os curativos.
Obrigada aos meus três grandes amores: Custódio, Plínio e Fausto; minha mãe e a Terezinha, que se revezaram nas visitas de final de semana
Agradeço ainda a todo o pessoal de apoio: Hugo e Diogo que, se incomodei, não deixaram que eu soubesse; Daniela e Fabiana que nunca deixaram de levar graça, sorriso e os filhos: Paula, Renata, Fernanda e Roberto pra me distrair.
Meu muito obrigada também aos amigos queridos que ligaram pra saber notícia, sempre com uma palavrinha de apoio.
Mas o mais especial dos agradecimentos vai pro Alexandre que foi meu companheiro constante, bastava que eu me mexesse pra que ele dissesse: “Popará Helô, EU cuido de você” e cuidava mesmo, além de passar o dia me oferecendo bolachas, iogurtes e desenhos animados, na flor dos seus seis anos.
Sem o carinho de cada um de vocês os 30/35 dias inicialmente previstos pra que eu tivesse alta, não teriam se transformado em 17. Atenção e conversa gostosa, muito mais do que a minha capacidade de cicatrização, foram os responsáveis pela cura antecipada.

Neste primeiro do novo ano, desejo a todos os meus amigos muita saúde, paz e alegria e que cada um de vocês possa contar sempre com essa espécie de carinho raro, capaz de transformar uma experiência dolorosa, numa lição de amor.