sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Coisas?

Minha mãe dizia sempre que vestida de noiva, sob o meu metro e meio, com certeza eu pareceria estar pronta pra primeira comunhão. Já era um bom motivo preu não sonhar com o casamento religioso. Além disso, as moças da minha época e meio não ligavam pressas coisas. Éramos mesmo, radicalmente contra!
Assim, o Custódio e eu, decidimos pelo casamento civil pra não matar nossas mães de tristeza e fui logo avisando: cerimônia religiosa??? De jeito nenhum. Um pouco de choro materno, a compreensão do meu pai, a inestimável ajuda do meu irmão, minha teimosia e marcamos: civil e festa!!!

Eu era louca pela tia Nívia, todos éramos, e prometi a ela porque estava doente, que receberíamos a bênção de um padre, pretendendo voltar ao assunto quando melhorasse. Mas isso não aconteceu, ela faleceu no dia 26 de dezembro, 19 antes da data marcada.

Não tive coragem pra descumprir a promessa... assim, pedi à minha futura sogra que providenciasse a coisa toda, com as seguintes recomendações: casamento sem público e de manhã, bem cedo.

Primeiro encaramos o curso de noivos, uma verdadeira tortura, mas não vai caber aqui, deixo pra outra ocasião.

Bem, alguns dias antes do sábado marcado, o pároco da Igreja da Lapa, que minha sogra freqüentava o onde havia marcado a cerimônia, nos chamou pra uma conversa.
Não sei se por estranhar a urgência ou quem sabe, o horário, o fato é que encontramos o doce servo de Jesus, armado contra nós. Foi logo perguntando se iríamos nos casar contra a nossa vontade ou de nossos pais... Muito indignado, não nos deixou explicar e vociferava feito louco, até que disse: “Por que pretendem se casar? Vocês estão pensando que casamento é brincadeira???” Dirigindo-se ao Custódio: “você meu filho, é um homem lindo” e pra mim: “e você, menina, não é lá essas coisas. Quanto tempo você acha que ele vai ficar com você?”
Não respondi nem ouvi mais nada, me levantei e saí pelo corredor principal, nariz empinado e nem olhei pra trás, não era preciso, podia ouvir os passos do Custódio logo atrás de mim.
O que a Didi, minha sogra, disse e fez dez minutos depois, nunca nos contou, por mais que implorássemos, levou com ela. O fato é que no sábado, tinha outro padre nos esperando às oito da manhã, mesmo porque eu havia dito que sairia de novo, pelo mesmo corredor principal, caso encontrasse o primeiro por lá.
Sentadinha na sacristia, porque desfilar pela igreja eu não ia mesmo, escutei o padre dando as orientações pro noivo e acrescentando alguma coisa como: “Quando a sua noiva chegar, vou dizer a ela que...” Interrompi: “Olha aqui, se o senhor está esperando uma NOIVA, vai ser difícil, mas se eu sirvo, pode falar.”
Felizmente, ele riu.

E foi assim que fomos pro altar de uma igreja lotada de gente sonada que, não tendo mais aonde ir pra prestigiar o enlace, estava lá.
O que será que o santo padre quis dizer com “coisas” que eu não era, que o Custódio nas últimas três décadas, não reparou? È que na próxima segunda feira, dia 14, faz trinta anos que isso tudo aconteceu.

14 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, Helô, no meu casório, o padre, no altar, exigiu pagamento de 250 reais para continuar o casamento (antes da minha entrada, ainda bem...) pois os músicos nao tinham "convênio" com a igreja...sorte que meu irmão tinha carteira (e dinheiro dentro dela!) caso contrário teria sido eu a voltar pelo corredor principal.
Parabéns pelos 30! Apesar do padres e da i(I)greja o casamento resiste! Este ano meus pais completam 50, em julho. beijo.

Anônimo disse...

Mesmo já conhecendo esta história,foi uma delícia ler este seu relato rss Eu também fui terminantemente contra casar na igreja e entendo bem o quanto deve ter sido difícil para vc aguentar tanta hipocrisia.Fico feliz que o "moço lindo" e a "menina que não é lá estas coisas" tenham construído um lar sólido e uma família maravilhosa.
Parabéns Custódio e parabéns Helô,amiga querida.Aguardo o relato dos 50 anos.
Beijão pra vcs.

Anônimo disse...

É hoje! Parabéns pelos 30 anos, mamãe e papai.

Beijo, mamãe.

Sandra Maura disse...

Dondon, que coisa mais linda que acabei de ler, amei tudo que eu li.
Claro que ri demais também.
Minha querida, desejo a vc e ao seu marido um dia feliz e que a relação de vocês perdurem ainda por longos anos. Esteja na paz e com Deus. Pega meu beijo!

dode disse...

parabéns aos noivos felizes!
Helo ja que mostrou a foto do casamento, mostra agora a foto atual ((( preciso conferir se vc cresceu)))

Unknown disse...

Nossa 30 anos....parabens, felicidades e + muitos anos ....bjos

Helô Dondon disse...

Ana Paula
O que resiste não é o casamento, é o amor.
Cinqüenta anos!!! Que coisa! Abençoados sejam: sua mãe e aquele seu pai lindo, tão a cara do meu, de quem eu morro de saudade.
Beijos

Rose
De lá pra cá, eu só decresci e não me equilibro mais sobre um salto como aquele que, vc nem sabe, eu estava usando. Até meus pés diminuíram! Hehe Do menor adulto, mergulhei direto pra numeração infantil!!!!!
Beijos

Neusa, Plínio, Sandra e Dani
Obrigada e muitos beijos pra vcs.

Unknown disse...

que coisa difícil! não consigo escrever nada pra você! depois de escrever um tanto não vai.... vou tentar.....agora q já falei com você , nem é mais novidade que não sabia da història do padre!!!! ridìculo! imagine... não é lá essas coisas!poooode? bem que você se negava a ir... mas, a madrinha.... que acabou nem indo ao casório... coitadinha!! bem, sei que são trinta anos de felicidade, e, isso que importa. bjo querida

Helô Dondon disse...

Nívia

Lembro com uma nitidez impressionante... estávamos na biblioteca vermelha, na penúltima vez que a vi, ela fraquinha de tudo, pediu que o Custódio e eu fôssemos abençoados, não seria preciso mais nada e concluiu: “basta que vc, ele e o padre estejam presentes, eu nem preciso assistir.” Foi complicado, mas cumpri.

Beijos querida e insista sempre neste blog temperamental.

Anônimo disse...

Meio atrasado,mas ainda valendo,meus parabéns pelos 30 anos! São Bodas de Pérola, sabia? No próximo ano seremos eu e o Dondon. Acho que casamentos como os nossos são raridades hoje em dia...

Helô Dondon disse...

Beatriz
Pérolas??? Puxa! Não sabia! Ganhei ouro e diamantes!!! Vou cobrar as pérolas, ah vou!
hehe

sulapiesan disse...

Helô,

Voltei a me indignar ao reler essa história.

Ainda bem que não passei por isso e melhor ainda, ainda bem que nunca sonhei com um casamento nesses moldes.
O meu, só no civil, não poderia ter sido mais feliz.
Estamos juntos e apaixonados há 20 anos, como vc e o Custódio há 30. Mesmo com muito atraso,parabéns ao casal!!!

Anônimo disse...

Minha futura nora tb é baixinha, digamos q ela tenha 1.50 (acho q é menor)e meu filho tem 1.82. Nc perguntei se ela quer casar na igreja. Será q devo mostrar a ela este texto? rsrsrsrsrs

Helô Dondon disse...

Angela

Acho que convém sim. Pelo menos ela estará preparada pro caso do padre falar em "coisas" (hehehehe). Mas é provável que não precise, sou eu quem tenho problema com padres, ou eles comigo.
No casamento do Fausto, entrei com ele na Igreja, porque a gente não recusa o braço a um filho amado, mas não subimos, o Custódio e eu, ao altar (há que se ter coerência, não é?). O padre (sempre eles...) ficou furioso, fez um comentário desagradável, olhou feio pra nós o tempo todo e só não foi mais longe porque tinha pressa de, vestindo um jeans surrado e muito inadequado, dar continuidade ao seu comércio e realizar os casamentos eguintes, marcados com alguns minutos de intervalo... e nós que estávamos desrespeitando a Igreja, veja só!

Adorei ter você aqui no meu espacinho!!!!!! Beijos